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Alto índice de morte de jovens negros é classificado como genocídio

Em debate na Câmara foram feitas críticas à atuação policial em comunidades carentes e nas periferias das cidades brasileiras.
Richard Silva/PCdoB na Câmara
Para GOG, Estado é racista e sustenta o "genocídio" por seu "braço armado": a polícia

Autoridades, religiosos e artistas questionaram a atuação do Estado e denunciaram o que chamam de "genocídio" da comunidade negra no país. O debate ocorreu nesta quarta-feira (22), em audiência pública conjunta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Para os debatedores, a omissão do Estado é o principal vetor para a morte de jovens negros nas diversas regiões do país. A crítica foi ainda mais acentuada na atuação policial em comunidades carentes e periferias brasileiras. A maioria dos debatedores questionou a atuação diferenciada da polícia nesses locais, o que aumentaria a discriminação contra jovens negros.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que presidiu a audiência pública, alertou sobre a situação atual de violência. "Existe, no Brasil, um genocídio da juventude negra. Os dados são gravíssimos. Morrem mais jovens negros no Brasil do que o total de mortes em conflitos armados de qualquer país do mundo. Isso é um fato gravíssimo e devemos tomar uma série de medidas. Nós temos que trabalhar, preventivamente, na preparação das polícias, pois muitas mortes na periferia são causadas por policiais", disse Orlando Silva.

Repressão
Para o happer Genival Oliveira Gonçalves, conhecido como GOG, o Estado é racista e sustenta a ideia do "genocídio", por meio de um "braço armado", ou seja, a polícia. "O jovem negro está vulnerável à morte quatro vezes mais que um jovem de pele não negra. Muitas vezes, a morte é uma condecoração de toda essa ineficiência do Estado. A forma com que nós percebemos a polícia, em nossas comunidades, é uma forma na qual ela não vem nos ajudar, mas, sim, reprimir", disse o cantor.


Visibilidade
O secretário da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Hamilton Pereira, disse que a parceria com a Câmara dos Deputados é fundamental para a discussão do que ele chamou de "a indiferença diante da barbárie", referindo-se aos jovens negros assassinados.

"Essa parceria é fundamental pra que a gente possa envolver as duas instituições legislativas para mover a sociedade naquilo que a gente pode chamar de 'a batalha de valores', particularmente o combate à indiferença diante da barbárie", declarou Pereira.
Segundo o Mapa da Violência 2014, os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dos mais de 55 mil homicídios, estima-se que quase 80% foram de negros http://pcdobnacamara.org.br/site/texto.asp?id=660691290566925822349192