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Se (quase) ninguém confia nos partidos, como fazer política?

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O título deste post é inspirado em resultados de recente pesquisa CNT/MDA, realizada em julho, que mostrou que apenas 1% da população confia nos partidos políticos. Em termos de confiança nas instituições, os partidos estão na lanterna, atrás de Igreja (43% confiam), Forças Armadas (19,2%), Imprensa (13,2%), Justiça (10,5%), Polícia (8,9%) e Governo (2%).
O dado de rejeição aos partidos não é novo e por isso mesmo preocupa. No nosso modelo de democracia, no qual partidos se organizam para periodicamente disputar quem vai administrar os governos, como pensar a política sem eles?
Esta não parece ser uma questão apenas brasileira. Na Espanha, movimentos de cidadãos formaram coalizões, como o Podemos!, à margem dos partidos, para disputar eleições e ocupar a administração pública, até aqui com relativo sucesso. Movimentos como o espanhol são uma resposta pública (e política) à crise dos partidos tradicionais naquele país, enredados em compromissos e “modos de fazer” que de hora para outra tornaram-se anacrônicos. Obsoletos.
Na Grécia pós-colapso financeiro, os representantes políticos abriram para a população a situação do país e colocaram (provavelmente por falta de opção) decisões econômicas cruciais para referendo – sim ou não? Foi uma novidade política jogar para o eleitorado a decisão sobre o que e como negociar com os credores da dívida pública. Diante da catástrofe, todos tornam-se cidadãos plenos de suas capacidades. E na sociedade da informação, da Internet e do mundo em rede, haveria de ser diferente?
OK, mas e no Brasil?
A crise de representação foi escancarada nas manifestações de junho de 2013, quando das ruas ecoou o grito de “não-me-re-pre-sen-ta”. A classe política parece reagir, sim, mas a seu modo, emitindo sinais de que sentiu o tranco, ao mesmo tempo em que age no cotidiano como se habitasse outro mundo, no qual ‘mudança’ ressoa como uma palavra oca de marketing eleitoral.
Talvez a política brasileira tenha que ser resgatada apesar dos políticos atuais. Apesar dos 32 partidos existentes e do sistema que lhes favorece. Não é coisa trivial, mas com o alto grau de desconfiança, é possível que não reste outro caminho. Afinal, e como já se disse, é neste país que crescerão nossos filhos, certo?
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