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Negro e gay sofre demais, afirma universitário do Sul do Rio de Janeiro

Thiago Rocha, de 23 anos, é estudante de jornalismo (Foto: Thiago Rocha/Arquivo pessoal)

Thiago Rocha, de 23 anos, é estudante de jornalismo (Foto: Thiago Rocha/Arquivo pessoal)

"Por ser negro e gay, a gente sofre demais", afirmou o estudante universitário Thiago Rocha, de 23 anos. Ele, morador de Barra Mansa (RJ), é o quinto entrevistado do G1 em uma série de reportagens pelo Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, que procura abrir espaço para moradores do Sul do Rio de Janeiro negros ou ligados à cultura africana, além de debater o preconceito.
Thiago estuda jornalismo e usa com frequência as redes sociais para falar sobre direitos das minorias. Ele diz que não considera esse "exatamente um trabalho", mas tenta "ser o máximo militante possível", já que a intolerância é constante na sociedade.
"Sempre teve muito preconceito, e as pessoas não acreditam muito, acham que é vitimização, acham que é um mito. Mas ainda mais por ser negro e gay, a gente sofre demais. Na faculdade eu comecei me aceitar como negro mesmo e comecei a problematizar as coisas. Questionar, porque não é normal, sendo que 51% da sociedade brasileira é negra e 8% só dos universitários são negros. Eu acho que tem alguma coisa estranha", argumentou.
De acordo com o jovem, sua atuação nas redes sociais visa conscientizar as pessoas. Thiago conta que geralmente tem uma resposta positiva às postagens, o que não significa que o racismo está perto do fim.
"Todo dia a gente vê história de preconceito, seja racial, de casal racial, seja de negro, gay ou estereótipo de cabelo de mulher, como no caso da Taís Araújo. Então está muito longe do fim! A gente tem que combater isso mesmo. A gente tem que ir para a rua militar, porque é muito difícil!".
O universitário acredita que a intolerância se manifesta de diferentes formas, como em um olhar ou no modo em que é tratado em lojas. Conta que até na família, de maioria negra, há preconceito, que ele tenta desconstruir.
"É difícil, porque eles foram criados nesse meio racista", disse. "A mídia esconde o tempo inteiro os negros e quando mostra o movimento, alguma coisa, é muito raso", opinou. "Acho que essa não aceitação [se si como negro], essa coisa de alisar cabelo, tentar ser mais branco possível, era pelo negro a vida inteira ter que se esconder. Então não chamando a atenção era mais fácil conseguir emprego, ser aceito em algum grupo... E não é assim. A gente tem que mostrar mesmo a nossa cultura, a nossa origem".
Apesar da falta de espaço e do preconceito ainda presente, Thiago crê que hoje há mais abertura para o negro e a cultura afro do que no passado. Para ele, o Dia da Consciência Negra vai muito além de homenagens.
"A gente tem que parar para refletir mais, estudar mesmo o que é a história e a cultura negra. São 127 anos da abolição dos escravos, tem muito tempo... Quando a gente pensa que está avançando, [um episódio racista na] rede social vem para acabar com isso", concluiu.
http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/11/negro-e-gay-sofre-demais-afirma-universitario-do-sul-do-rio-de-janeiro.html