Nas Relações Exteriores, tucano integrará 'núcleo duro' da economia com Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento) e Moreira Franco, secretaria de infraestrutura
O vice-presidente Michel Temer vai escalar o
senador José Serra (PSDB-SP) para ser seu braço de interlocução com o
empresariado e alojá-lo num Ministério das Relações Exteriores
fortalecido, com o comando do comércio exterior. Serra integrará um
"núcleo duro" da economia, do qual também devem fazer parte Henrique
Meirelles, na Fazenda, Romero Jucá, no Planejamento, e Moreira Franco,
em uma supersecretaria ligada à Presidência que coordenará concessões,
parcerias público-privadas (PPP) e privatizações.
A missão do
quarteto é reerguer a economia, que caminha para seu segundo ano de
retração. Serra será incumbido de fortalecer as exportações, por meio de
acordos comerciais com os principais mercados do mundo. A avaliação na
equipe de Temer é de que a política externa das administrações petistas
foi equivocada, ao priorizar os países emergentes.
Já o papel de Moreira Franco, que não terá status de
ministro na estrutura enxuta formulada por Temer, é trazer para o Brasil
os recursos que estão circulando no mundo à cata de bons negócios. Será
um programa inspirado no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek
(1956-1961), que estabelecia objetivos para investimentos em
infraestrutura e a industrialização.
Segundo "O Estado
de S. Paulo", há uma carteira de R$ 31,2 bilhões em concessões de
rodovias, portos, ferrovias e aeroportos que podem ir a leilão este ano.
Moreira acha, porém, que é preciso criar um ambiente mais amigável à
iniciativa privada para que esses empreendimentos deslanchem. Coisas
como fixação de taxas de retorno e excesso de intervenção do Estado
deverão ser eliminadas.
ConviteA melhoria do ambiente passa também pela definição dos ocupantes da Fazenda, do Planejamento e do Banco Central. Na próxima semana, Temer pretende formalizar o convite para que Meirelles ocupe a Fazenda, como sua cota pessoal. Ex-presidente do Banco de Boston e executivo com longa carreira no mercado financeiro, ele é considerado uma grife importante para dar segurança ao investidor externo. Meirelles escolherá o presidente do BC, porque Temer quer uma equipe azeitada.
O time deverá
ser completado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ficará num
Planejamento fortalecido. A pasta tende a ganhar o comando do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje no
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Essa pasta
será desmontada, para a parte do comércio exterior migrar para o
Itamaraty de Serra.
Jucá foi escalado por duas razões: conhece temas
fiscais, por já ter sido relator do projeto de lei do Orçamento, mas
principalmente pela capacidade de negociar no Congresso. Caberá a ele
obter aprovação para as medidas duras de ajuste nas contas públicas. De
saída, Temer precisará de autorização do Congresso para fechar as contas
de 2016 com um rombo próximo a R$ 100 bilhões. O governo Temer planeja
medidas de redução nos gastos e não está descartado o apoio à recriação
da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF).
Ciente
de que vai herdar uma "terra arrasada" ao assumir o governo, Temer está
particularmente preocupado com a Caixa. Não sabe o que encontrará numa
instituição que foi instrumento de políticas como o Minha Casa Minha
Vida e o Minha Casa Melhor, que financiava a compra de eletrodomésticos,
e alvo de "pedaladas" para o pagamento de benefícios como o abono e o
seguro-desemprego.Há também preocupação com a Petrobras, onde operou o esquema de desvio de recursos investigado pela Operação Lava Jato. Segundo interlocutores, o vice gosta do trabalho do atual presidente, Aldemir Bendine, mas considera que não há condições políticas para mantê-lo. Temer pretende alterar o marco regulatório do pré-sal, também com o objetivo de atrair investimentos externos para o País.http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-04-29/michel-temer-define-quarteto-para-economia-com-serra-no-itamaraty.html