Em um ambiente econômico conturbado, é normal que a população estabeleça
prioridades de consumo. No caso dos brasileiros, mesmo em tempos de
crise, os gastos com beleza ainda são vistos como essenciais para boa
parte dos consumidores.
De acordo com levantamento realizado pelo SPC Brasil (Serviço de
Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas), diante da crise econômica que tem deixado o orçamento das
famílias mais apertado, o brasileiro optou por abrir mão de gastos com
atividades de lazer em vez de diminuir as compras de produtos e serviços
relacionados à beleza e estética.
Em função das dificuldades financeiras impostas pela atual conjuntura
econômica, os consumidores disseram que os itens que mais sofreram
cortes foram as saídas para bares e restaurantes (35,4%) e as viagens
(30,9%).
No terceiro lugar dos itens mais cortados, aparecem as compras de
roupas, acessórios e sapatos (29,2%), seguidas por cortes na contratação
de TV por assinatura (19,7%) e da diminuição do uso de telefones fixo e
celular (18,8%). Cortes com gastos com salão de beleza são apenas a
sexta alternativa mais citada pelos entrevistados, com 16,7% de menções.
Ocupam as últimas posições no ranking de cortes realizados em virtude da
crise os gastos com academia (11,3%), cosméticos (6,8%) e tratamentos
em clínicas de estética (6,4%). Os foram citados menos do que as idas ao
cinema e teatro (16,5%), despesas do lar (13,9%) e compra de doces,
salgadinhos e bebidas (13,2%).
Para metade dos entrevistados a decisão na escolha de contenção de
gastos foi definida em função dos itens que eles consideram menos
importantes para o dia a dia.
Endividados
A preocupação com a aparência física, se não bem administrada, pode
prejudicar a saúde financeira dos consumidores. A pesquisa mostra também
que 13,4% dos brasileiros estão com o nome sujo por atrasos no
pagamento de produtos relacionados à beleza, como roupas, calçados e
acessórios, cosméticos, maquiagens, tratamentos estéticos e
odontológicos.
Entre os consumidores entrevistados, 10,8% afirmam já deixaram de pagar
alguma conta para priorizar cuidados com a beleza — o percentual sobe,
principalmente, quando levado em consideração o público feminino (14,8%)
e as pessoas da classe C (12,3%).
Segundo a pesquisa, sete em cada dez consumidores admitem o hábito de
comprar produtos ou serviços de beleza mesmo sem necessidade, sobretudo
as mulheres (79,2%) e pessoas da classe C (73,0%). Os itens mais
mencionados nas compras desnecessárias são roupas, calçados e acessórios
(37,1%), cuidados com o cabelo (25,6%) e cosméticos e maquiagem
(23,8%).
Além disso, 76,9% dos entrevistados reconhecem que já compraram, ao
menos uma vez, algum produto ou serviço de beleza que não chegou a ser
utilizado ou foi utilizado somente por alguns dias. Outro dado revelado
pela pesquisa é de que 43,7% dos consumidores admitiram gastar mais com
produtos de beleza quando estão deprimidos e querem levantar a
autoestima.
Com uma parcela considerável de consumidores priorizando gastos com
beleza, muitos acabam terminando o mês sem sobras no orçamento: 38,7%
confessaram na pesquisa que já deixaram de guardar dinheiro para
adquirir produtos ou serviços relacionados à beleza, com destaque para
as mulheres (51,4%), pessoas com idade entre 18 e 34 anos (53,4%) e que
pertencem à classe C (42,4%).
Enquanto alguns consumidores deixam de economizar porque gastam parte da
renda com produtos de beleza, há entrevistados que fazem o contrário:
mais de um terço (33,7%) das pessoas ouvidas alega ter o hábito de
juntar dinheiro para conseguir comprar produtos e serviços desse
segmento, percentual que sobe para 42,4% entre o público feminino.
O educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, avalia
que cuidar da beleza é importante para manter a autoestima e a
satisfação pessoal. No entanto, ele afirma que a pesquisa reforça que
grande parte do público enxerga esse tipo de gasto não como algo
supérfluo.
— O alerta é que isso [gastos com beleza] deve ser feito com moderação,
entendendo às reais possibilidades e sem prejudicar o orçamento
doméstico.http://noticias.r7.com/economia/para-driblar-crise-brasileiro-corta-atividades-de-lazer-e-mantem-gastos-com-beleza-afirma-spc-02082016