A Justiça Federal no Rio de Janeiro
determinou nesta segunda-feira (28) o bloqueio dos imóveis em nome de
Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, e de seu
escritório, Ancelmo Advogados.
O pedido partiu do MPF (Ministério Público Federal), que considera que a ex-primeira-dama fazia parte do esquema de lavagem de dinheiro de propinas pagas ao ex-governador.
"Com o aprofundamento das investigações, foi identificada a
participação mais efetiva da investigada Adriana Ancelmo na atividade da
suposta organização criminosa. Motivo pelo qual, tornou-se medida
necessária a decretação do bloqueio de seus bens imóveis, em especial no
que diz respeito à aquisição de grande quantidade de joias de altíssimo
valor, normalmente em dinheiro vivo, pela própria investigada ou por
interpostas pessoas, nas principais joalherias do Rio de Janeiro",
afirmou o juiz Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, em
sua decisão.
O juiz cita ainda os laços de Adriana com os
investigados pela Operação Calicute. "Os laços familiares e de
intimidade com os demais investigados são inegáveis, além do que, as
apurações preliminares revelaram que Adriana Ancelmo praticou diversos
atos que, aparentemente, representam evidências de sua participação na
lavagem e na ocultação da origem ilícita de proveitos decorrentes da
corrupção supostamente praticada por seu marido, o também investigado
Sérgio Cabral", afirmou.
A defesa do casal foi procurada pelo UOL por telefone, mas não atendeu as ligações.
O Ministério Público Federal chegou a pedir a Brêtas a prisão
temporária de Adriana. O juiz negou o pedido e determinou a condução
coercitiva para depoimento, realizada no dia 17, mesmo dia em que Cabral
foi preso. A primeira-dama foi levada à Polícia Federal, prestou
depoimento e foi liberada.
A advogada é investigada por suposta
lavagem de dinheiro. Outra suspeita sobre Adriana se refere a contratos
firmados pelo escritório de advocacia da qual ela é uma das donas com
empresas que prestavam serviço ao Estado durante a gestão de Cabral.
Segundo a investigação, o escritório recebeu cerca de R$ 17 milhões em
contratos com empresas que prestam serviços públicos.
Na semana passada o Banco Central localizou R$ 10 milhões numa conta bancária da ex-primeira dama.
O ex-governador mantinha apenas R$ 454, de acordo com relatório
disponibilizado pelo juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, que também
investiga Adriana e Cabral.http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/11/28/justica-bloqueia-bens-da-mulher-do-ex-governador-sergio-cabral.htm