Terecô de Codó – uma religião a ser descoberta’ foi escrito por Cícero Centriny, após ouvir um discurso discriminatório
Volta Redonda – O
Centro Cultural Fundação CSN recebe nesta segunda-feira, dia 21, às
17h30, o lançamento do livro ‘Terecô de Codó – uma religião a ser
descoberta’. A obra conta um pouco sobre o Terecô, religião
afro-brasileira costumeiramente associada à cidade de Codó, no Maranhão –
a 290 quilômetros da capital São Luís. O objetivo do livro, de acordo
com o autor, Cícero Centriny, é registrar a história da religião, que
teve início com escravos.
Quem trouxe o autor para Volta Redonda,
como sacerdote anfitrião, foi Hungbono Xe’gbo Agesi (Kláudio Rycardo) do
culto Vodun na região. Cícero disse que começou a escrever depois que
presenciou um discurso discriminatório no Rio de Janeiro, quando um
pesquisador se referiu ao Terecô como “uma coisa sem pé, nem cabeça” e
que nem mesmo seria uma religião séria e que se tratava apenas de um
monte de negros dançando.
– Estava no Rio, onde haveria uma
palestra sobre o Terecô, ministrada por mim, e quando era anunciado o
evento um repórter perguntou a um pesquisador o que era o Terecô. Ele
então respondeu que era “uma coisa que existia no Maranhão, em Codó,
onde um monte de negros ficavam dançando, sem pé e nem cabeça. Eu estava
no auditório mas ambos não sabiam que eu seria o palestrante, então com
toda a minha indignação fiz a minha palestra, talvez tenha sido a minha
melhor – lembrou Centriny, que acrescentou: “A partir daquele momento
eu entendi porque era eu quem tinha de contar a minha história e dos
meus antepassados, não os ditos pesquisadores sem a menor noção”.
Centriny contou que nasceu numa família
tradicional de terecozeiras (mulheres que cultuam a religião do terecô) e
mesmo tendo praticamente nascido dentro de um terreiro, fez questão
abranger um trabalho de pesquisa e entrevistas além de sua visão.
– Contei com a minha vasta experiência e
convivência dentro desse complexo culto, além de nove anos de extensas
pesquisas – afirmou.
O Terecô é uma religião muito presente
no Maranhão, especialmente na cidade Codó. Por isso o nome tão associado
à cidade: “Terecô de Codó”.
Centriny disse que a obra faz uma
reflexão sobre as práticas rituais que compõem essa religião de matriz
africana, extremamente importante na história negra do Maranhão,
contribuindo assim para a preservação da memória e cultura popular e
religiosa maranhense.
Durante o evento desta segunda-feira, o
escritor deve realizar uma roda de conversa sobre o tema e a
intolerância religiosa, aproveitando-se da proximidade do Dia da
Consciência Negra – comemorado neste domingo, dia 20.
http://diariodovale.com.br/lazer/protesto-a-intolerancia-religiosa-livro-e-lancado-em-volta-redonda/