O candidato do Partido Republicano, Donald Trump, venceu as
eleições presidenciais nos Estados Unidos, de acordo com os resultados
divulgados nesta quarta-feira. A candidata democrata Hillary Clinton já
ligou para Trump e deu os parabéns pela vitória. A informação foi
confirmada por ele, em seu primeiro pronunciamento como presidente
eleito.
Durante a festa
da vitória, em Nova York, Trump pediu que a nação se una e prometeu
"representar cada cidadão de nossa terra". Ele afirmou, ainda, que será
presidente "para todos os americanos" e destacou que "é tempo para a
América curar as feridas da divisão" e "tempo para que fiquemos juntos
como um".
Trump enfatizou que sua administração
será um momento de "crescimento nacional e renovação". "A América não se
contentará mais com nada menos que o melhor".
Partido Republicano garante controle do Senado
Candidatos
do Partido Republicano conseguiram vitórias na campanha para o Senado e
também na da Câmara dos Representantes, o que garante que o presidente
eleito Donald Trump começará o mandato com seu partido com total
controle do Legislativo. Os senadores democratas, porém, mesmo em
minoria, terão algum poder no Senado para negociar com os rivais.
A aliança republicana, além disso, pode ter dificuldades no início, diante das profundas diferenças entre Trump e os líderes
republicanos no Congresso. As declarações polêmicas do candidato foram
alvo de críticas dos aliados durante a longa e turbulenta campanha
presidencial.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch
McConnell, e o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan,
parabenizaram Trump pela vitória no início desta quarta-feira.
Tanto
no Senado como na Câmara, os republicanos assumirão em janeiro com
margens mais estreitas de vantagem que têm neste ano contra os
democratas. Ainda assim, os candidatos das duas Casas tiveram resultados
melhores que o esperado.
Após meses de dúvidas sobre se Trump
poderia prejudicar os candidatos republicanos ao Senado, a força dele na
verdade impulsionou o partido em Estados mais disputados. O senador Ron
Johnson, por exemplo, conseguiu a reeleição em Wisconsin, algo que era
dado como improvável até as últimas semanas da disputa. O republicano
Pat Toomey ainda derrotou a democrata Kati McGinty na Pensilvânia, o que
tornou impossível para os oposicionistas garantir a maioria no Senado.
Os
republicanos terão pelo menos 52 das 100 cadeiras do Senado no próximo
ano, levando-se em conta que o republicano John Kennedy vença uma
eleição marcada para dezembro na Louisiana, como esperado. Os democratas
precisavam tomar cinco cadeiras dos rivais para retomar a maioria que
perderam em 2014.
Com o controle do Legislativo, os republicanos
poderão levar adiante seu compromisso de rechaçar a reforma no sistema
de saúde e também desmantelar a reformulação no sistema financeiro
prevista na lei Dodd-Frank. A última vez que os republicanos controlaram
a Câmara e o Senado ocorreu entre 2003 e 2007, no governo de George W.
Bush.
O Senado também estará pressionado a confirmar os indicados
de Trump para a Suprema Corte, que tem um cargo vago após o magistrado
Antonin Scalia morrer em fevereiro.
Ainda assim, os republicanos
não terão 60 cadeiras no Senado, patamar necessário para aprovar a
maioria das medidas nessa Casa Com isso, republicanos e democratas terão
de trabalhar juntos diante da perspectiva de um presidente polarizador e
com tensões dentro dos próprios partidos.
Fortuna
Nascido
em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Trump é o
quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de origem alemã, e
Mary MacLeod, uma dona de casa de procedência escocesa. Casou-se em 2005
com Melania Trump. Antes disso, ele foi casado e se divorciou de Maria
Trump e Ivana Trump. Com Melania, tem um filho chamado Barron. Com
Maria, a filha Tiffany, com quem se reconciliou recentemente, depois de
um relacionamento conturbado. Com Ivana, ele tem três filhos, Eric,
Ivanka e Donald, que ocupam funções de comando em suas empresas.
Fred
Trump morreu aos 93 anos, em 1999, deixando para Donald uma fortuna de
US$ 250 milhões. Porém, os biógrafos consideram que Donald Trump já era
milionário 20 anos antes, quando iniciou a compra de vários edifícios em
Nova York. Essa foi uma fase ascendente da vida do empresário porque
ele comprou, em 1983, um antigo prédio que depois se transformou no
Trump Tower, e também o Trump Plaza, e vários cassinos em Atlantic City,
no estado de Nova Jersey.
Momento de incerteza e possibilidade de guerra comercial com a China
Para
o mundo, a vitória de Donald Trump anuncia um clima geopolítico
profundamente novo. De Berlim a Pequim, os líderes estão observando se o
Trump dará continuidade às promessas populistas e protecionistas que
poderiam travar o compromisso global dos Estados Unidos com políticas
profundamente estabelecidas a respeito de comércio, defesa e imigração.
Se assim for, a política externa dos Estados Unidos provavelmente se
distanciará de seu vizinho México, e em direção à inimiga de longa data
Rússia.
O antagonismo de Trump em relação aos arranjos de defesa
dos EUA apresenta novos riscos para os aliados de Washington na Ásia e
na Europa. E sua posição contrária ao livre comércio indica a
possibilidade de uma guerra comercial com a China, a segunda maior
economia global.
"O tom das relações econômicas entre a China e os
Estados Unidos vai mudar da cooperação e da interdependência para a
competição e o conflito", disse Shi Yinhong, professor de relações
internacionais da Universidade Renmin, em Pequim. O estilo de Trump e a
retórica isolacionista também podem dar a Pequim "oportunidades
estratégicas para a China explorar", acrescentou
"Trump é uma
pessoa pragmática", disse Wang Dong, professor assistente da Escola de
Estudos Internacionais da Universidade de Pequim. "Muitas coisas podem
ser reavaliadas. Então, do ponto de vista da segurança nacional chinesa,
isso é uma coisa boa".
Muitos veem o resultado do voto com
apreensão. Na Alemanha, Norbert Röttgen, um legislador influente junto
aos democratas-cristãos da chanceler Angela Merkel, advertiu que os EUA
poderiam perder seu papel como o eixo da ordem mundial ocidental. "Temos
de esperar e ver como ele atuará no cargo", disse Röttgen. "Eu acho que
ele ainda não sabe como agir."
Complicações entre Europa e Estados Unidos
O
presidente francês, François Hollande, disse recentemente que uma
vitória de Trump "complicaria as relações entre a Europa e os EUA".
Futuro muro no México
Na
América Latina, o México está se preparando para um presidente que
prometeu eliminar acordos comerciais, construir um muro e enviar para
casa milhões de imigrantes sem documentos. Cuba também enfrenta novas
preocupações, com Trump prometendo desfazer o histórico restabelecimento
do presidente Barack Obama dos laços entre Washington e Havana, o que
despertou novas esperanças no país para o investimento estrangeiro.
Sentimento de confiança por parte da direita
Nem
todo mundo está preocupado. Os políticos de direita em toda a Europa
veem a vitória do Trump como uma onda internacional de sentimento de
confiança. Futuras vitórias eleitorais da direita europeia, segundo
eles, ajudariam a estabelecer uma nova ordem transatlântica baseada na
oposição aos acordos comerciais, na imigração e na integração política
da União Europeia.
A presidência de Trump "permitirá que a
diplomacia francesa se expresse num mundo mais equilibrado, menos
dominado pela hegemonia americana", disse Florian Philippot, uma das
principais figuras da Frente Nacional, principal partido de direita da
França.
O político holandês anti-islã Geert Wilders escreveu em
sua página oficial no Twitter após Trump ganhar a disputa na Flórida e
em Utah: "As pessoas estão retomando seu país. Como nós iremos".
Britânicos se sentem confortáveis com a vitória de Republicano
Os
partidários britânicos de uma ruptura dura com a União Europeia se
sentiram confortáveis com a recepção de Trump à causa. Obama deixou
claro, antes do voto do Brexit em junho, que o Reino Unido iria para
"trás na fila" de um novo acordo comercial com os EUA. Trump disse que
um acordo com o Reino Unido seria uma das suas principais prioridades.
Durante
meses, os diplomatas da sede da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan) em Bruxelas têm observado nervosamente Trump. Jens
Stoltenberg, secretário-geral da Otan, repeliu por três vezes os
comentários críticos de Trump sobre a aliança.
Desejo de acabar com o Estado Islâmico e melhores relações com a Rússia
No
Oriente Médio, Trump é visto como um defensor do poder militar da
América, apesar de seus votos de desvincular-se da região. Seu desejo de
derrotar o Estado Islâmico, trabalhando com aliados regionais, tem
despertado entre os combates na Síria esperanças de serem armados.
Mas
como candidato ele também prometeu melhores relações com a Rússia, que
está fortemente empenhada em combater a oposição síria. Autoridades da
região se preocupam com qualquer desengajamento dos EUA, que poderá se
traduzir em ganhos para a Rússia em lugares como Síria e Turquia Fonte:
Dow Jones Newswires.http://odia.ig.com.br/mundoeciencia/2016-11-09/trump-e-eleito-presidente-dos-estados-unidos-e-vitoria-gera-incerteza.html