Pastor confirmou ter recebido cheque de R$ 100 mil em sua conta, mas disse que o valor foi recebido por meio de oferta pessoal por ter orado para um empresário
São
Paulo - Durou pouco mais de uma hora e meia o depoimento do pastor
Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, nesta
sexta-feira à Polícia Federal, em São Paulo. Malafaia foi levado
coercitivamente para depor, durante a Operação Timóteo, deflagrada pela
Polícia Federal, que investiga irregularidades em cobranças de royalties
da exploração mineral.
O pastor chegou à sede da Superintendência da Polícia Federal por volta das 16h e deixou o local pouco antes das 18h. Ele parou para falar com jornalistas no momentos da chegada e no da saída.
Exaltado, o pastor reclamou de ter sido conduzido coercitivamente para depor hoje. “Aonde vai o Estado Democrático de Direito? Nem na ditadura fizeram isso contra um cidadão. Estou indignado, sou um cidadão. Quer dizer que jogam o nome da pessoa na lama?”, criticou.
O pastor chegou à sede da Superintendência da Polícia Federal por volta das 16h e deixou o local pouco antes das 18h. Ele parou para falar com jornalistas no momentos da chegada e no da saída.
Ao deixar a superintendência, ele disse ter
esclarecido ao delegado da Polícia Federal que não praticou
irregularidades. O pastor confirmou ter recebido um cheque no valor de
R$ 100 mil em sua conta pessoal. Mas informou que esse cheque foi
recebido por meio de uma oferta pessoal por ter orado para um empresário
e que, só agora, soube que o doador está envolvido em irregularidades e
é investigado na operação. Malafaia disse que conheceu o empresário por
meio de seu amigo e também pastor Michael Abud.
“Foi tudo esclarecido. O delegado, muito
competente, perguntou tudo o que tinha direito. Eu respondi tudo”,
relatou Malafaia. “Sou suspeito de usar contas da minha instituição?
Lembrei-me de ter recebido a visita de um amigo meu, de 20 anos, que
levou um membro dele [o empresário] para fazer uma oferta e eu vou
desconfiar que o cara está envolvido? Nem ele, o pastor Michael Abud,
sabe do envolvimento desse cara, tenho certeza”. Segundo Silas Malafaia,
é muito difícil para as organizações e entidades religiosas saberem se a
origem do dinheiro de doações é ilegal.
Malafaia disse que vai esperar o final das
investigações para analisar o que fará sobre o fato de ter sido alvo da
operação. “Vou até o final, porque quem é amanhã que vai me dar toda
essa mídia se encerrar [a investigação] e vocês falarem: 'olha, pastor,
encerraram e não tem nada contra o senhor'? Eu vivo de conceito da
opinião pública. Vivo disso. Recebo ofertas de milhares e centenas de
milhares das pessoas. E quem é que vai recuperar isso? Quem é que vai
recuperar o dano que está me causando e quem vai recuperar a minha
honra?”
Indagado por jornalistas se não seria, então, o caso de
devolver o dinheiro, de fonte ilegal, que foi depositado em sua conta,
Malafaia respondeu: “Se, de fato, é um dinheiro ilícito, é claro que eu
devolveria. Não preciso de roubo”. No entanto, ele acrescentou que não
teria como devolver um dinheiro, fruto de doação, se ele não sabe a
origem do dinheiro. “Vou devolver o que, se recebi uma oferta? Ninguém
devolve oferta. Você recebe as ofertas e não sabe quem é o cara que dá.
Se a Justiça mandar eu devolver um valor, eu vou devolver”, disse.Exaltado, o pastor reclamou de ter sido conduzido coercitivamente para depor hoje. “Aonde vai o Estado Democrático de Direito? Nem na ditadura fizeram isso contra um cidadão. Estou indignado, sou um cidadão. Quer dizer que jogam o nome da pessoa na lama?”, criticou.