A reforma da Previdência proposta pelo governo Temer
tem provocado uma corrida ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
no Rio de Janeiro. Os postos de atendimento ficaram cheios de
trabalhadores que buscam a aposentadoria antes da aprovação das
mudanças, que devem dificultar o acesso ao benefício.
O
motorista Amilton Correia Balduíno, 53, esteve na unidade da Tijuca, na
zona norte, na segunda-feira (5). Ele queria escapar da rigidez das
novas regras que estão previstas, como a idade mínima de 65 anos para
ter direito à aposentadoria.
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"Eu não entendo muito bem as regras, mas as pessoas têm me falado para
resolver isso logo, senão vai demorar mais para eu conseguir me
aposentar. Estou desde setembro tentando acelerar o processo", disse
Balduíno.
Motorista diz que trabalhou 39 anos, mas INSS só conta 32
Nas contas do motorista, ele tem 39 anos de contribuição para o INSS e
está apto a se aposentar. Mas, de acordo com Balduíno, o órgão federal
afirma que ele trabalhou por 32 anos. Para ele se aposentar por tempo de
contribuição, nas regras atuais, é preciso contribuir por pelo menos 35
anos.
"Vou ter que entrar com um recurso para provar meus anos de trabalho e
cruzar os dedos para aposentar rápido. Estou cansado e já trabalhei
demais", afirmou Balduíno.
Psicólogo que adiou agora quer apressar
O psicólogo Eduardo Henrique Sabatini, 59, também se dirigiu a uma
agência do INSS, no centro do Rio. Para ele, o que pesou na decisão de
se aposentar agora foi o risco de ser enquadrado na regra de transição.
De acordo com o projeto homens com mais de 50 anos, como Sabatini,
poderão se aposentar pelas regras atuais desde que paguem um "pedágio"
de 50% sobre o tempo que faltava para aposentar.
"Eu tenho 38
anos de contribuição e já deveria ter iniciado o processo de
aposentadoria por tempo de serviço há três anos, mas na correria do dia a
dia eu deixei para depois. Agora, diante dessa situação, eu resolvi dar
entrada na documentação. Não quero me aposentar com 65 anos nem pagar
esse pedágio, apesar de que ainda pretenda continuar trabalhando para
pagar as contas", afirmou Sabatini.
"A gente não pode confiar", diz autônoma de 60 anos
As notícias sobre as mudanças na Previdência Social também fizeram a
autônoma Maria Aparecida da Costa, 60, procurar o INSS. Ela deu entrada
na documentação em 5 de novembro e quer se aposentar antes que as novas
regras entrem em vigor.
"Eu já posso me aposentar por idade e
não quero esperar para ver como as coisas vão ficar. O noticiário diz
que as mulheres terão regras diferenciadas, mas a gente não pode
confiar. Nunca se sabe como esse projeto será aprovado no Congresso,
então eu preferi me adiantar e aposentar logo", afirmou Maria Aparecida.
Professor quer pagar atrasados para se aposentar
A consultora Eugenize Bezerra Lima, 58, tirou a segunda-feira para dar
entrada no pedido de aposentadoria de seu irmão, o professor
universitário Euries Bezerra Lima, 56, em uma agência do INSS no centro
do Rio.
"Ele fez o agendamento assim que as informações sobre
essa reforma começaram a sair na imprensa. A preocupação dele é com o
pedágio, pois ele ainda não tem 65 anos para se aposentar e vai se
enquadrar nessas regras de transição", explicou Eugenize.
De
acordo com Eugenize, seu irmão ficou um tempo sem contribuir com o INSS.
A intenção dele é pagar o valor correspondente ao que deveria ter
contribuído nesse período, o mais rápido possível, para dar
encaminhamento à aposentadoria antes das novas regras entrarem em vigor.http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2016/12/06/trabalhadores-no-rio-tentam-se-aposentar-antes-da-reforma-da-previdencia.htm?cmpid=fb-uolnot