Professores defenderam a inclusão da
educação emocional nas escolas, como forma de melhorar o aprendizado das
crianças e auxiliar a resolução de conflitos pessoais e familiares. O
tema foi debatido nesta quinta-feira (18) em audiência pública na
Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
O professor João Roberto de Araújo, da Universidade de São Paulo
(USP), afirmou que é um equívoco priorizar o âmbito econômico na
educação e ignorar as emoções e o afeto humano. Araújo, que é mestre em
Psicologia Social, disse que, assim como se ensina geografia ou
matemática, é preciso ensinar as crianças a lidar e compreender as
emoções.
"Será que sentir raiva é feio? Não, não é feio. A raiva faz parte,
mas eu preciso saber que eu posso fazer isso ou aquilo com a raiva para
não ser um analfabeto emocional. O analfabeto emocional é aquele que não
sabe as emoções que tem, como elas aparecem e não sabe o que fazer com
elas. Por isso eles matam, ferem, roubam, vão presos e sofrem
profundamente", disse Araújo.
Experiência municipal
A Secretaria Municipal de Educação de Rio Branco (AC) trabalha com educação emocional nas escolas há cerca de seis anos. Depois de incorporar a dimensão emocional no currículo escolar e na formação continuada dos professores, a capital acriana subiu do 9º para o 4º lugar entre as capitais brasileiras no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb).
A Secretaria Municipal de Educação de Rio Branco (AC) trabalha com educação emocional nas escolas há cerca de seis anos. Depois de incorporar a dimensão emocional no currículo escolar e na formação continuada dos professores, a capital acriana subiu do 9º para o 4º lugar entre as capitais brasileiras no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb).
“Essa competência emocional é uma competência importante para que nós
possamos, a partir de um novo clima emocional, favorecer o avanço da
aprendizagem", disse o secretário municipal de Educação de Rio Branco,
Márcio Batista.
Em Rio Branco, as crianças têm aulas de educação emocional duas vezes
por semana e passam a compartilhar seu estado emocional. "A criança na
escola aprende as estratégias de conhecer as emoções, de falar sobre as
emoções, regular essas emoções e desenvolver uma autoconfiança tamanha
que ela se encoraja a fazer a mediação de conflitos com os pais que,
pela ausência de uma educação emocional, não conseguem fazer”, disse o
secretário.
Márcio Batista destacou que o programa melhorou o clima emocional nas
escolas e, consequentemente, favoreceu o avanço da aprendizagem dos
alunos.
Debate no Brasil
O presidente da Comissão de Educação, deputado Caio Narcio (PSDB-MG), defendeu o debate sobre o assunto no Legislativo e a aproximação do tema por meio do conhecimento de experiências de implementação da educação emocional.
O presidente da Comissão de Educação, deputado Caio Narcio (PSDB-MG), defendeu o debate sobre o assunto no Legislativo e a aproximação do tema por meio do conhecimento de experiências de implementação da educação emocional.
"É importante verificar o funcionamento de algo que, na prática, já
está produzindo resultados inquestionáveis e que merecem de nós uma
atenção e um olhar diferenciado. Esse instrumento pode ajudar não só no
desenvolvimento dos nossos índices educacionais, mas no desenvolvimento
do ser humano com um todo", disse Narcio, que sugeriu a realização da
audiência desta quinta-feira.
Como resultado da audiência pública, Caio Narcio espera sensibilizar o
Ministério da Educação para que essas experiências sejam ampliadas por
meio de projetos-pilotos. Para ele, é fundamental que a educação
emocional se torne realidade no sistema educacional do Brasil.
Reportagem – Leilane Gama
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli