Reforçando o posicionamento dos estudantes brasileiros contra a ruptura democrática no país, a juventude organizou o “Dia Nacional de Paralisação pela Democracia” nesta
quinta-feira (28). Nas escolas, ruas, redes sociais e universidades, as
atividades ressaltaram a indignação dos estudantes contra o impeachment
que segue em curso no Brasil.
As manifestações repudiaram o processo sem base legal e que é
conduzido na Câmara dos Deputados pelo réu e corrupto Eduardo Cunha. Os
estudantes também denunciaram a manipulação da mídia na veiculação de
informações e a trama do vice-presidente Michel Temer, que conspira e
quer levar adiante um projeto de governo extremamente conservador e
atrasado, com uma agenda neoliberal radical.
MATO GROSSO FAZ RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA
Pela soberania democrática, estudantes do colégio André Avelino, em
Cuiabá (MT), se posicionaram contra a tentativa de golpe e criaram um
comitê pela democracia. Com a participação de diversos coletivos dos
alunos do ensino médio, a iniciativa intensifica luta na escola, o
debate nas salas de aula e a resistência para impedir o golpismo e a
instalação de um governo ilegítimo.
“Ano passado realizamos o seminário ‘Ditadura Nunca Mais. A ideia
agora é organizar um debate com os professores para fortalecer o
posicionamento da escola contra o golpe”, afirmou Juarez França,
presidente da Associação Mato-Grossense dos Estudantes Secundaristas,
que participou da atividade.
EM SÃO PAULO, CENTRO PAULA SOUZA É OCUPADO
Depois de protagonizarem atos na Avenida Paulista, em São Paulo,
estudantes da rede técnica e estadual ocuparam o Centro Estadual de
Educação Tecnológica Paula Souza contra o corte de verbas na educação e
em defesa da merenda adequada e de qualidade nas instituições de ensino.
Atualmente, o Centro Paula Souza é responsável pela administração de
219 escolas técnicas estaduais e 66 faculdades de tecnologia em mais de
300 municípios paulistas. Nessas instituições, o governo não oferece
merenda e não disponibiliza auxílio refeição a todos os estudantes.
“Estamos em um estado onde o governo comanda a Assembleia Legislativa
e manobra conforme seus interesses o julgamento da máfia da merenda e o
desvio de verbas na educação. Neste dia de lutar pela democracia, em
São Paulo não nos restou outro caminho: ocupar. Queremos mais educação,
queremos democracia, queremos CPI Já“, declarou o diretor da UPES Junior
Panzariello.
NO RIO, ESCRACHO CONTRA A GLOBO
No Rio de Janeiro, estudantes da Faculdade Nacional de Direito
(FND-UFRH) organizaram um escracho em frente ao prédio da redação do
jornal O Globo. Enquanto gritavam “o povo não é bobo, abaixo a Rede
Globo”, os jovens jogaram bolas de tinta vermelha na parede e
denunciaram as organizações Globo como incitadoras do golpe.
Enquanto isso, as mais de 70 escolas ocupadas no Rio de Janeiro
seguem fortalecendo a luta pela educação e pelo direito democrático de
defender direitos.
No Rio Grande do Norte, logo após visitar as escolas cariocas, o
cantor Tico Santo Cruz também participou do calendário nacional de
mobilização e comandou no Instituto Federal do Central (IFRN) o debate
“Democracia, ativismo, cultura e juventude”, com mais de 800 estudantes,
na última quarta-feira (27).
Ao todo, 65 universidades em 18 estados participaram da paralisação nacional.
Foto de Capa: CUCA da UNE.