Advertisement

Falar em golpe prejudica país, diz Temer

O presidente em exercício, Michel Temer (PMDB-SP), criticou nesta quinta-feira a estratégia da presidente Dilma Rousseff de associar o processo de impeachment contra ela a um golpe. Em entrevista à agência de notícias Dow Jones, Temer disse que está pronto para assumir o governo caso o afastamento de Dilma seja aprovado. O peemedebista afirmou também que tem “na cabeça” nomes para seu eventual gabinete.
“Ela diz que sou o chefe do golpe, o que obviamente é perturbador para mim e para a vice-presidência da República”, afirmou Temer. Ele argumentou ainda que o processo de impeachment está previsto na Constituição e que falar sobre golpe prejudica o Brasil no exterior. Dilma viajou nesta quinta para Nova York, nos EUA, para participar da conferência das Nações Unidas sobre clima. “Eu vou retornar ao meu posto assim que ela voltar”, disse Temer.
Pichação 'QG do Golpe' em frente à casa de Temer foi apagada. Vice deu entrevista à agência Dow Jones
Foto: Agência Brasil
À agência, o vice-presidente revelou também que está conversando com potenciais ministros e que espera construir um governo de coalizão para o país durante o julgamento de Dilma no Senado. “Quando chegar a hora, eu vou ter um ministério formado na minha cabeça e só então vou revelar nomes”, afirmou.
Por orientação da segurança da Presidência da República, Temer foi nesta quinta à tarde para Brasília depois de protesto em frente a sua casa, em São Paulo. Cerca de 100 manifestantes do Levante Popular da Juventude fizeram uma manifestação, conhecida como escracho, que durou meia hora. Os jovens pintaram com tinta branca no asfalto a frase “QG do Golpe” e estenderam uma faixa com a inscrição “Temer Golpista”. Logo após o início do protesto, policiais isolaram a área com grades.
Duas horas depois, um caminhão de limpeza de uma empresa que presta serviço para a prefeitura de São Paulo apagou a pichação com jatos d'água. A prefeitura nega a contratação e a ordem para o serviço. Dois caminhões da Inova, realizaram a lavagem em meia hora com pelo menos 12 funcionários.
Imprensa estrangeira
Os jornais estrangeiros se tornaram o novo palco do embate entre a presidente, Dilma Rousseff (PT), e o vice, Michel Temer (PMDB). Poucos dias após a petista denunciar o “golpe de Estado em curso” no Brasil a estrangeiros, o peemedebista usou entrevistas a veículos internacionais, como o Wall Street Journal e o Financial Times, para defender a constitucionalidade do processo de impeachment.
O pano de fundo é a viagem de Dilma aos Estados Unidos, onde deve reforçar o argumento de que a democracia nacional está em perigo em discurso nas Nações Unidas. Enquanto isso, o já presidente interino se defende das acusações enquanto articula uma possível equipe ministerial.
“Não há golpe, de maneira alguma, ocorrendo aqui no Brasil”, afirmou Temer, em entrevista publicada pelo Financial Times (FT). “Vários ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) disseram que o possível impeachment da presidente da República não representaria um golpe. É um processo constitucional”, acrescentou.
Para o Wall Street Journal, o peemedebista ressaltou ainda que “cada etapa do impeachment está em conformidade com a Constituição”, disse. “Como isso seria um golpe?”, questionou. 
Ato contra impeachment
Manifestantes ocuparam à noite a parte da Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O ato foi organizado nas redes sociais. O grupo saiu em passeata do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp) por volta das 18h. Depois, seguiu caminhando em direção à Praça do Ciclista. A Polícia Militar não estimou o número de pessoas no ato. Segundo a PM, a manifestação foi pacífica.http://odia.ig.com.br/brasil/2016-04-21/falar-em-golpe-prejudica-pais-diz-temer.html