Cerca de 300 profissionais da educação e
alunos da rede estadual, fizeram ontem uma passeata pelo Centro. A
educação está em greve há um mês. A concentração saiu da Avenida
Domingos Mariano, foi até a Praça da Liberdade e retornou à Praça da
Matriz. A indicação da Guarda Municipal era para que os manifestantes
ocupassem apenas a via da direita, mas a orientação não foi respeitada
pelos manifestantes, e ação gerou um congestionamento no Centro da
cidade.
Durante a caminhada os alunos fizeram paródias demonstrando apoio aos
profissionais. “O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”,
gritavam. Uma das músicas que eles cantavam falava sobre a falta de
verbas na Saúde, UPA, Cultura, entre outros setores.
A aluna do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Barão de Aiuruoca,
Ana Carolina Lins, disse que os alunos estão apoiando os professores,
pois também estão sendo prejudicados. “Acredito que esse manifesto terá
mais voz com a nossa ajuda. Estamos preocupados, não sabemos se
conseguiremos nos formar até dezembro. Fora que esse ano tem Enem e o
que eu aprenderia para realizar a prova não estou aprendendo. Estamos
estudando por conta própria”, declarou, acrescentando ainda que a escola
está um caos, com a falta de funcionários. “Enquanto eu puder
apoiá-los, apoiarei”, afirmou a estudante.
Um dos diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação
(Sepe) de Barra Mansa, Ivan Martins, disse que o sindicato fez a chamada
para os professores do estado e do município e que os profissionais
estão tendo muitas perdas, por isso a realização do ato. “O governo
parcelou o décimo terceiro em cinco vezes e agora quer parcelar o
salário desse mês em duas parcelas. O dia útil era dia cinco, depois foi
para o dia 15”, declarou, acrescentando que 13 escolas foram ocupadas
no Rio de Janeiro e que há no estado 70% de adesão à greve.
Janete Cruz, do comando de greve do Sepe, disse que os funcionários
terceirizados foram dispensados após ficar seis meses sem salários. “A
questão do décimo terceiro já foi vencida pelo sindicato na justiça e
nem assim foi pago. Tem disciplinários fazendo a limpeza das escolas.
Amanhã haverá uma assembleia na Alerj, onde todos os servidores do
estado podem decidir entrar em greve”, disse.
Para a inspetora de alunos, Lídia Valéria, que decidiu aderir à greve
na semana passada, a situação está fora de controle. “ Estamos
sendo muito prejudicados. Não recebemos e nem sabemos quando iremos
receber. Acho importante o apoio dos alunos, já que eles também estão
sendo lesados com a falta das aulas”, revelou a inspetora.
Um dos professores que preferiu não se identificar disse aos alunos
que a direção de algumas escolas está conspirando contra o movimento.
“Há colegas que não aderiram à greve que estão assediando os colegas que
aderiram, dizendo que será descontado, mas não iremos pagar pela
greve”, declarou
PROFESSORES DO ESTADO
Além dessa ação de Barra Mansa, os professores da Rede Estadual
também estão realizando manifestos em outras cidades e recebendo apoios
de pais, alunos e entidades diversas. Na tarde de ontem, o bispo da
Diocese de Barra do Piraí/ Volta Redonda, Dom Francisco Biasin, divulgou
uma carta em apoio aos profissionais que cobram melhores condições de
trabalho. Em um dos trechos da carta, o religioso diz: “Amados fiéis da
Igreja Católica e prezados cidadãos, há um mês que, diante da decadência
da educação no nosso Estado, reflexo do que acontece no Brasil inteiro,
os professores e as professoras entraram em estado de greve. Tenho
certeza que o que levou os profissionais da educação a tomar esta
decisão extrema não é em primeiro lugar reivindicar salários melhores, o
que não seria descabido diante da crise que estamos atravessando, mas o
desejo de proporcionar uma educação de qualidade a todos os alunos a
partir dos que frequentam escolas de periferia, literalmente sucateadas,
sem nenhuma segurança e sem estrutura básica para atender com dignidade
alunos, professores e funcionário”, diz um trecho da nota. O bispo
ainda continua dizendo que os governos estão tentando vencer a categoria
pelo cansaço, afirmando que não contam com recursos, ameaçando
retaliações com chantagens a professores e até alunos.
Na última semana, o bispo recebeu um grupo do Sindicato dos
Professores de Barra do Piraí. Amanhã, às 18h30min, professores dos
colégios Manuel Marinho, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, em Volta
Redonda, voltarão ao salão da Cúria Diocesana, para uma reunião com pais
de alunos.
A cada dia, os professores vêm conseguindo maior apoio dos pais e
estudantes. Prova disso é o movimento realizado na manhã de
segunda-feira, por alunos do Ciep 295 Profª Glória Roussim, no bairro
Retiro. Eles fizeram um ato no portão do colégio, contra o descaso
promovido pelo Governo do Estado com a Educação Estadual e contra a
falta de compreensão da direção da escola com os alunos grevistas.
Os alunos também saíram em passeata até a Praça Praça Tiradentes, no
Retiro, provocando um pequeno tumulto no trânsito local. Os estudantes
reivindicam ainda o fim da prova do Sistema de Avaliação da Educação do
Estado do Rio de Janeiro (Saerj), a valorização dos professores e passe
livre estudantil.
Segundo informou a direção da União Municipal dos Estudantes
Secundaristas de Volta Redonda (UMES-VR), os alunos da Rede Estadual,
terão assembleia hoje, às 18 horas na Biblioteca Municipal Raul de
Leoni, para discutir ocupações nas escolas da cidade. Vale lembrar que,
somente na segunda-feira, foram seis escolas ocupadas, em um total
de oito até o momento em todo o Estado.
nova meia-paralisação no dia 12
No próximo dia 12, os professores da Rede Municipal de Volta Redonda
farão uma nova meia-paralisação nas atividades escolares. A decisão foi
tomada durante a assembleia realizada no último dia 30, no Plenário da
Câmara. Os profissionais decidiram também permanecer em estado de greve
até que suas reivindicações sejam atendidas pelo governo municipal.
Antes da assembleia, representantes do Sindicato Estadual dos
Profissionais da Educação, em Volta Redonda (Sepe-VR) se reuniram com a
secretária Municipal de Educação, Terezinha Gonçalves. De acordo com os
sindicalistas, no encontro, a secretária explicou que só poderia
discutir as questões pedagógicas da pauta, entre eles o 1/3 de
planejamento. Já as questões administrativas, ela informou que só
poderão ser discutidas com o prefeito Antonio Francisco Neto (PMDB)
recebeu a pauta de reivindicações. Até ontem, os sindicalistas seguiam
aguardando um pronunciado do prefeito.
Estão na pauta, a implantação do 1/3 de planejamento, a Lei 11.738,
aprovada em 2008 e que até agora, segundo os sindicalistas não foi
cumprida, o cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS),
a contratação imediata de funcionários para suprir o quadro nas escolas
é outra questão que consta entre as reivindicações, ale de melhorias na
estrutura das escolas, revisão da carga horária semanal de 40 para 30
horas, o fim da determinação da superlotação nas salas de aula, como
Fundeb para todos os profissionais, dentre outras medidas. http://avozdacidade.com/site/noticias/cidades/50796/