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Sede da Alerj, Palácio Tiradentes faz 90 anos

Endereço oficial da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o Palácio Tiradentes faz 90 anos no dia 6 de maio e se destaca como um museu vivo da história do parlamento no Brasil, do Império à República, até os dias atuais. Palco de grandes encontros políticos e culturais, o prédio no Centro do Rio foi ponto de partida para a histórica passeata dos 100 mil, em 1968.
Naquele terreno, a alguns metros de distância da escadaria de acesso ao imponente palácio em estilo eclético, funcionava desde 1640 a Cadeia Velha, onde o inconfidente mineiro ficou três anos preso até ser enforcado, em 21 de abril de 1792.
Sede da Assembleia Legislativa do Rio, o imponente Palácio Tiradentes completa 90 anos e guarda a história do parlamento
Foto: Arquivo O Dia
O local era descrito à época como um ambiente insalubre, caindo aos pedaços. Para quem visita o local, voltar no tempo significa imaginar um Rio “selvagem e hostil”, segundo historiadores. A arquitetura da antiga Cadeia Velha simbolizava uma mensagem imperial. Nos andares debaixo, porões escuros, quentes e infestados de ratos eram destino daqueles que se posicionavam contra a Coroa Portuguesa. Já na parte superior funcionava a sede do Senado. Todo o dinheiro da cidade ficava guardado em um cofre chamado “burra”, que só podia ser aberto por três chaves, guardadas por três vereadores.
“Era assim que funcionavam as câmaras coloniais. No andar superior ficava quem elaborava as leis, e no inferior, quem as descumpria”, conta o historiador Gilberto Catão, coordenador da exposição ‘Lugar de Memória do Parlamento Brasileiro’, que pode ser vista por quem visita o Palácio Tiradentes.
Cadeia Velha: descrita como ambiente insalubre e caindo aos pedaços
Foto: Reprodução
As funções se mantiveram assim até o início do século 19, quando a Família Real veio para o Brasil, fugindo das tropas de Napoleão. Mesmo em condições precárias, a Cadeia Velha passou a funcionar como alojamento para os funcionários da realeza. “Grande foi o susto sofrido pelo príncipe regente quando, na Bahia, soube que se preparava também a cadeia para receber a Família Real. É que o feio, pesado e pouco estético casarão tinha sido destinado para hospedar a criadagem do Paço”, descreve José Vieira Fazenda, historiador da época.
Pouco se sabe sobre o período dos portugueses na hospedaria improvisada, mas é possível imaginá-los chegando com roupas pesadas aos aposentos quentes e beirando o desabamento. Em 1822, José Bonifácio, conhecido como o ‘patriarca da independência’, resolve reformar o lugar para abrigar a sede da Assembleia Geral Constituinte.
No início da República, local sediou a Câmara de Deputados do Império
Foto: Reprodução
Um ano após sua inauguração, uma noite mudaria os rumos do Império. Dom Pedro I mandou o Exército invadir o plenário, que resistiu durante horas. Diversos deputados foram presos e deportados, entre eles, José Bonifácio. O imperador reuniu dez homens de confiança e formalizou o ‘Poder Moderador’, que passava a influenciar os três poderes, criando um estado absolutista. O episódio ficou conhecido como ‘A noite da agonia’. “Foi um imenso retrocesso”, analisa Catão.
A medida foi tão impopular que ajudou a impulsionar a nascente República ao avanço mais importante da casa: a abolição, em 1888. “O Império estava desgastado e não tinha mais condições de se manter, dando lugar à elite do café, mais antenada, urbana”, afirma o historiador. Em 1922, a Cadeia Velha é demolida para as obras do Palácio Tiradentes, nova sede da Câmara dos Deputados. Mas isso é outra história... Sexta-feira que vem tem mais.http://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2016-04-21/sede-da-alerj-palacio-tiradentes-faz-90-anos.html