A comissão especial do Senado que analisará o pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff começa seus trabalhos nesta segunda-feira
(25), às 16h.
O primeiro ato previsto é a eleição de presidente e relator. Os nomes indicados,
que serão votados pelos demais membros da comissão, são Raimundo Lira
(PMDB-PB) para a presidência, e Antônio Anastasia (PSDB-MG) para a
relatoria.
Na terça, deve ser instalada a comissão. O grupo terá, então, até 10
dias úteis para apresentar parecer sobre o processo de impeachment,
indicando se ele deve ou não ser admitido no Senado. Enquanto a oposição
trabalha para que o rito seja rápido, como na Câmara, o governo tenta
retardar o processo ao máximo.
A Câmara dos Deputados aprovou o processo no último domingo, mas é no Senado onde ocorre de fato o julgamento da presidente.
Eleição de presidente e relator
Os 21 nomes que formam a comissão foram indicados pelos blocos
partidários, que são os grupos formados por alianças entre os partidos
no Senado.
Por ter o maior bloco, o PMDB indicou Lira para a presidência. Já o PSDB indicou Anastasia para a relatoria.
O nome de Lira parece ter agradado aos parlamentares do PT. O senador
Lindbergh Farias (PT-RJ) elogiou a escolha para a presidência da
comissão.
O senador petista, porém, criticou a indicação de Anastasia como
relator. Segundo ele, Anastasia já tem uma posição fechada em torno do
impeachment e não teria a "imparcialidade" necessária para conduzir o
processo.
Veja o número de vagas de cada bloco e os integrantes titulares:
- PMDB – 5 vagas: Raimundo Lira (PB), Rose de Freitas (ES), Simone Tebet (MS), José Maranhão (PB) e Waldemir Moka (MS)
- PSDB, DEM e PV – 4 vagas: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Ronaldo Caiado (DEM-GO)
- PT e PDT – 4 vagas: Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Pimentel (PT-CE) e Telmário Mota (PDT-RR)
- PSB, PPS, PCdoB e Rede – 3 vagas: Romário (PSB-RJ), Fernando Bezerra (PSB-PE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB)
- PP, PSD – 3 vagas: Ana Amélia (PP), José Medeiros (PSD) e Gladson Cameli (PP)
- PR, PTB, PSC, PRB, PTC – 2 vagas: Wellington Fagundes (PR-MT) e Zezé Perrela (PTB-MG)
Pressão no Senado
O presidente da Senado, Renan Calheiros, tem recebido pressão de
membros da oposição para que o rito do impeachment corra rápido, da
mesma forma que aconteceu na Câmara. Políticos a favor do impeachment
queriam que a comissão já tivesse começado seus trabalhos na semana
passada.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário do governo e
responsável por fazer o processo passar rapidamente pela Casa, também
deu declarações de que a Câmara não votaria nada relevante antes de o processo de impeachment passar pelo Senado.
Em resposta, Renan Calheiros, criticou abertamente
Cunha pelo que classificou como "interferência" no ritmo do
impeachment. "Quanto mais o presidente da Câmara tentar interferir no
rito do andamento do processo no Senado, sinceramente, ele só vai
atrapalhar", afirmou.
Prazos
O parecer da comissão deve ser votado pelo plenário do Senado. Para que
o processo seja aberto, é preciso o apoio da maioria simples dos
senadores, ou seja, a maioria dos parlamentares presentes, desde que
haja um mínimo de 41 senadores na sessão. Com a presença dos 81
senadores, são necessários 41 votos para aprovar o impeachment.
Apenas se o processo for aceito no Senado é que a presidente Dilma fica
afastada temporariamente de suas funções. Cabe aos senadores realizar o
julgamento sobre se as denúncias contra a presidente justificam o seu
impedimento do cargo.
Se condenada, a presidente tem o mandato cassado e fica proibida de
disputar cargos públicos por oito anos. Se for absolvida, a presidente
retoma o cargo. No período do afastamento temporário assume o
vice-presidente Michel Temer (PMDB).http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/25/sob-pressao-comissao-do-impeachment-no-senado-comeca-a-trabalhar-hoje.htm