PMs treinam com as novas carabinas que serão usadas na Zona Sul e locais de competições
Rio
- Policiais militares começaram a treinar com as novas carabinas que
substituirão os fuzis nos bairros da Zona Sul e onde houver aglomerações
de pessoas, como as regiões no entorno das competições da Rio 2016. O
armamento tem menor alcance, reduzindo o risco de balas perdidas, e
também será uma segunda opção ao fuzil para agentes de Unidades de
Polícia Pacificadora.
“A imagem da carabina agride menos. É
complicado você andar na Zona Sul com uma arma de guerra, como o fuzil.
Em áreas que não são de confronto, pacificadas, a carabina é mais
eficiente”, afirmou o major Joelmir dos Santos, que coordena o
treinamento.
A mesma justificativa foi usada pelo secretário de
Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que acompanhou o primeiro dia
de treinamento no Comando de Operações Especiais.
“Esse
é o fim de mais um processo que a gente sempre sonhou: colocar uma arma
cada vez mais adequada ao uso do policial no meio em que ele se
encontra. Então, um fuzil não é adequado no meio de um conglomerado de
pessoas. A carabina também tem poder de parada maior que o fuzil e isso
faz parte de uma polícia menos letal”, disse.
Segundo Ronaldo
Olive, especialista em armamento, o tiro de uma carabina ao atingir o
alvo dificilmente irá passar pelo seu corpo, ao contrário do disparo de
um fuzil. “O chamado poder de parada é maior, ou seja, o tiro para no
alvo, evitando assim que o projétil transfixe o criminoso e atinja um
inocente. Assim, irá diminuir o número de balas perdidas”, afirmou.
Ainda
segundo Olive, a munição da carabina é do tipo expansiva, ou seja, ela
expande no alvo, anulando qualquer reação. “É mais letal para o bandido,
sim, mas atinge o objetivo: neutralizá-lo. Já o fuzil é usado em guerra
pois pode passar o alvo e atingir outros inimigos.”
Semanalmente,
serão treinados 240 policiais militares de Unidades de Polícias
Pacificadoras. “Os treinamentos de tiros reduzem o erro no disparo e
aumentam o controle do policial em situação de estresse”, afirmou o
major Santos.
Beltrame queria total substituição
O
anúncio da compra das carabinas foi realizado em 2008, pelo próprio
Beltrame. Na época, com uma visão otimista da expansão das Unidades de
Polícia Pacificadora, o secretário queria trocar todos os fuzis por
carabinas. Somente agentes das chamadas forças especiais, como Bope
(Batalhão de Operações Especiais), iriam ter permissão de utilizar o
armamento mais letal.
Em depoimento à Comissão de Segurança, na
Alerj, em dezembro do ano passado, o deputado Flavio Bolsonaro (PSC)
chegou a perguntar se, com várias UPPs apresentando problemas de
confrontos e mortes de policiais, não seria o momento do projeto ser
revisto. Beltrame disse que não, e anunciou a substituição do armamento.
“Policial de UPP, em tese, não tem que atirar em ninguém. A bala do
fuzil atravessa barracos. Essas armas novas causam um estrago menor”,
disse. A cúpula da PM reagiu à ideia de abandonar totalmente o fuzil e,
agora, as carabinas serão usadas como segunda opção aos policiais
militares.
Armas com defeito foram devolvidas
O
modelo de carabina que será utilizado pelos agentes é a CT 40, que
possui o mesmo calibre da pistola de uso dos policiais. A compra desse
armamento, no entanto, atravessou percalços.
Em 2009, a
Secretaria de Segurança Pública investiu cerca de R$ 6 milhões na compra
de 1.331 carabinas calibre CT 30, com inexigibilidade de licitação.
Sete meses depois, 1.000 armas foram devolvidas à Taurus, empresa que as
produziu. O motivo: as munições emperravam e não eram disparadas.
Algumas armas chegaram a derreter após os disparos. Somente o lote
entregue à Polícia Civil permanece ativo.
O processo de
licitação da compra do lote entregue à Polícia Militar não está
disponível no site Transparência, sendo o único nessa condição entre
todos os realizados com a mesma empresa.
Após o recall, a PM
fez testes na fábrica e optou pelo calibre .40. A verba usada na compra
das carabinas devolvidas foi utilizada, mas ainda não há detalhes de
quantas armas foram entregues. Procurada pelo DIA, a secretaria de Segurança não retornou ao contato.http://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2016-05-12/policia-militar-nao-vai-usar-fuzil-em-aglomeracoes-na-rio-2016.html