Os dados são apresentados em um relatório de 2015 da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
Nos Estados Unidos, distribuidores e consumidores desperdiçam cerca de
60 mil toneladas de alimentos, segundo dados do governo. Isso equivale a
aproximadamente um terço do que é plantado no país. Alguns
especialistas acreditam que quase metade do que é produzido nos EUA
acaba no lixo.
Já no Brasil, o desperdício de alimentos pode chegar a 40 mil toneladas por ano, de acordo com dados da Embrapa de 2014.
Um dos motivos é que, quando estão fazendo compras em feiras e
supermercados, os consumidores desprezam alimentos com pequenos
machucados, que não são esteticamente perfeitos ou que estão próximos da
data de vencimento. Os feirantes tentam driblar este comportamento
vendendo bacias e sacos de frutas e legumes.
Segundo José Torres, presidente do Sindicato dos Feirantes do Estado de
São Paulo, os vendedores chegam a incentivar a compra para fazer sucos e
molhos, mas, quando todas as tentativas falham, o destino do que sobra
na feira é o lixo.
"A gente quer sempre aquele tomate que viu no anúncio", afirma Rene
Lopo, assessor técnico do Mesa Brasil, programa que tenta recuperar
alimentos que seriam jogados fora por estarem fora dos padrões de
comercialização.
Os alimentos que são desprezados pelos consumidores acabam na mesa de
pessoas em situação de vulnerabilidade. Este processo costuma ser
intermediado pelos bancos de alimentos, organizações e projetos cada vez
mais comuns.
Crianças e idosos são os principais atendidos por estes bancos, segundo
Lopo. O destino dos alimentos são casas de repouso, abrigos e até mesmo
albergues públicos em alguns casos.
"Para a gente não tem problema eles [as verduras e frutas] serem feios.
Não tem nada estragado, nada podre", afirma Roberta Aidar, gestora da
Associação Maria Helen Drexel, organização que acolhe crianças vítimas
de negligência ou violência.
A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e o
Mesa Brasil estão entre os doadores dos alimentos recebidos pela
entidade que Aidar gerencia. "As crianças não veem problema nenhum [nos
alimentos]", diz Roberta.
Maiores redes de supermercados do país, os grupos Pão de Açúcar e
Carrefour têm projetos voltados para a questão. Segundo eles, as doações
de ambos resultam em mais de cinco mil toneladas de frutas, verduras e
legumes.http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2016/07/1793405-ate-metade-dos-alimentos-produzidos-no-mundo-acaba-no-lixo-diz-onu.shtml