Se você faz parte daquela maioria que se atrasa alguns minutinhos
para compromissos – seja no trabalho, com a família, o que for -, fique
calmo: a ciência está começando a entender sua cabeça. Um novo estudo
publicado no fim do mês de outubro no periódico Hippocampus indica que, quanto mais conhecemos o caminho para um lugar, mais subestimamos o tempo que teremos que percorrer.
A pesquisa faz sentido para alguns cenários. Por exemplo: é comum a
muitas pessoas chegar bem mais cedo no trabalho nos primeiros dias, mas
passar a chegar alguns poucos minutos mais tarde depois que já se
acostumou com o emprego. Ou então quando acreditamos que sempre faremos o
menor tempo possível em um trajeto – aquele que só acontece uma vez ou
outra.
O estudo foi feito por pesquisadores da norte-americana Universidade de Berkeley, na Califórnia, e do britânico University College London.
Para chegar à conclusão, usaram um grupo de estudantes internacionais
de uma faculdade de Londres que viviam no mesmo prédio há nove meses.
Os pesquisadores pediram aos estudantes que desenhassem um mapa
invertido (com o sul acima e o norte abaixo) da região do distrito em
que moravam. O resultado deste primeiro teste era esperado; os
alunos tenderam a exagerar nas rotas do mapa, desenhando ele um pouco
maior do que deveria.
Esta primeira parte da pesquisa ocorreu de acordo com as expectativas,
já que é normal que, quanto mais detalhes temos de algum local, mais
achamos ele maior. A partir daí, contudo, os resultados começaram a
ficar curiosos.
Os cientistas esperavam que os estudantes também apontassem um tempo maior do que o provável para trajetos.
A relação, entretanto, foi exatamente contrária: os alunos subestimaram
o tempo necessário para ir de um ponto a outro em rotas mais familiares
e que costumam usar com mais frequência.
A estranha
relação pegou os cientistas de surpresa – eles ainda sequer conseguem
explicar o motivo completamente. Há uma tese que diz que nós
temos campos neurais diferentes no cérebro – um para calcular o tempo e
outro para calcular o espaço, sendo que um não afetaria o outro. Ou
então algo menos provável: um mesmo sistema processa o tempo e espaço de
maneiras distintas.
Bom, enquanto a ciência não explica
exatamente esta distorção, você ao menos já sabe o que falar nas
próximas vezes que chegar uns minutinhos mais tarde em um compromisso:
"olha, eu teria chegado a tempo, mas o meu cérebro tem dois sistemas
neurais diferentes para estimar a extensão do espaço e o tempo que
percorrerei. Acontece, né?".http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/11/02/voce-sempre-se-atrasa-alguns-minutinhos-cientistas-agora-sabem-o-motivo.htm?cmpid=fb-uolnot