Em média, um de cada cinco canadenses não possui conexão à internet
de qualidade, sobretudo aqueles que vivem em zonas rurais ou áreas
afastadas de grandes centros urbanos. Mas isso pode mudar nos próximos
anos: o governo do Canadá decidiu tornar o acesso rápido à internet um
serviço básico, isto é, tão essencial quanto o direito à moradia ou à
educação.
A declaração foi dada na última quarta-feira (21) pela Comissão Canadense de Rádio-Televisão e Telecomunicações
(CRTC, na sigla em inglês). A entidade entende que o acesso rápido à
internet é essencial para a qualidade de vida por, entre outras razões,
permitir que o cidadão participe da economia digital, conforme explica
Jean-Pierre Blais, diretor da CRTC:
“O futuro da nossa economia,
da nossa riqueza e da nossa sociedade — de fato, o futuro de cada
cidadão — depende de estabelecermos metas ambiciosas, e uma delas
consiste em conectar todos os canadenses para o século XXI. É uma meta
ambiciosa, que não será fácil de ser cumprida, tampouco barata. Mas não
temos escolha.”
Essa declaração é importante porque mostra que o
governo sabe que declarar um direito é uma coisa, mas fazer esse direito
ser cumprido é outra. É por essa razão que a medida vem acompanhada de
outra decisão: o governo promete investir 750 milhões de dólares
canadenses durante os próximos cinco anos para assegurar o sucesso da
iniciativa.
O
plano é realmente ambicioso: o governo do Canadá espera que pelo menos
90% do país tenha internet de alta velocidade até 2021. Alta velocidade
mesmo: o mínimo que cada conexão de banda larga
fixa deve oferecer é 50 Mb/s (megabits por segundo) para download e 10
Mb/s para upload. A medida também determina que os cidadãos tenham
acesso a pelo menos uma opção de plano de banda larga fixa com franquia
de dados ilimitada.
Para tanto, o dinheiro será usado principalmente para ampliar a infraestrutura de telecomunicações,
tarefa bastante desafiadora para um país que tem uma das maiores
extensões territoriais do mundo e cuja temperatura em determinados
locais pode chegar a 40 graus abaixo de zero.
Há mais metas no plano, entre elas, a de que as operadoras de telefonia
móvel ofereceram sinal ao longo das estradas canadenses (e não apenas
em áreas urbanas) e que adotem, em até seis meses, tecnologias que
garantam o devido atendimento a deficientes (sistemas que permitem que
pessoas com deficiência auditiva utilizem serviços telefônicos, por
exemplo).
Com informações: The Verge